sábado, 20 de agosto de 2011

UMES: Um pouco de História contada por quem entende bem!


UMES: 48 anos de luta e 13 anos de reconstrução: E ainda tem gente que diz que isso é coisa de criança...

* Por André Gomes


“UMES – União Mariliense dos Estudantes Secundaristas: Fundada no Outono de 1963 e reconstruída na Primavera de 1998”, essa frase compunha o logotipo da UMES em sua gestão de reconstrução em 1998. Ela foi formulada pelo então presidente eleito, Antonio Alexandre Banstarck que era uma grande liderança do movimento estudantil secundarista, na ocasião ele presidia do Grêmio do Cefam, que era um dos mais atuantes da época e, também, foi ele praticamente o fundador da UJS em Marília. Eu tive o privilégio de fazer parte desta gestão de reconstrução (sendo secretário geral), era também presidente do Grêmio do Oracina, outro grêmio tradicional que depois de mim continuou a revelar lideranças.

Na época, além das tarefas corriqueiras da entidade – construir grêmios nas escolas, visitar os que já existem, construir campanhas, passeatas... – nós dedicávamos parte do nosso tempo em pesquisar a Historia da UMES. Levantamos jornais da década de 60 em diante, procuramos ex-dirigentes, fizemos entrevistas, enfim, acumulamos uma série de dados sobre a trajetória da entidade. Para o nosso orgulho descobrimos que ela nasceu um ano antes do golpe civil-militar de 1964 e que não se omitiu mesmo depois do golpe, lutando dentro de suas possibilidades contra a ditadura.

Conta o companheiro Otacílio Costa, que na década de 70 ele ajudava nas panfletagens da UMES, que eram clandestinas devido à perseguição do regime autoritário, nessa época com muita dificuldade a UMES mantinha sua sede na Rua Nove de Julho quase em frente ao terminal urbano, prédio onde hoje funciona uma gráfica. Ela se desarticulou no período seqüente, foi timidamente reorganizada na década de 80, mais logo se desarticulou de novo. Em 1998 onde hoje funciona o Ceesma realizou-se o Congresso de Reconstrução da UMES e, desde então, já são 13 anos de trajetória ininterrupta.

Lembro-me que em 2001, quando a UMES era presidida pelo estudante Luis Eduardo (conhecido como Pit), na calada da noite o então Prefeito Abelardo Camarinha, que hoje posa de amigo dos movimentos sociais, baixou um decreto acabando com a integração no sistema de transporte coletivo municipal, ou seja, os usuários pagariam uma passagem em cada ônibus que se utilizassem. Rapidamente a diretoria da entidade se reuniu e decidiu convocar para o outro dia uma passeata. Outros companheiros e eu - que já não éramos mais da UMES e, a essa altura, já estávamos mais experientes- opinamos que eles deviam soltar um panfleto denunciando a medida autoritária e convocando a passeata mais a frente para ganhar tempo para uma mobilização melhor. Felizmente eles não nos ouviram, prevaleceu à disposição de luta deles e de forma relâmpago realizaram uma grande passeata que terminou vitoriosa. Lembro-me, com se fosse hoje, o Prefeito Camarinha recebeu uma comissão de estudantes e, a contragosto, anunciou de forma demagógica: “Entre os estudantes e a circular, fico com os estudantes, estou revogando agora este decreto!”. A cidade de Marília deve a manutenção da integração dos ônibus no terminal urbano à ousadia e a combatividade dos estudantes. Assim como hoje, os editoriais da maioria dos jornais da época malhavam a entidade e os estudantes, taxando-os de baderneiros e coisas deste tipo, disse a eles naquele momento “Vocês estão fazendo História e a História os absolverá!” e, de fato, absolveu.

Diria a esta geração, que surge com força trazendo a UMES e os estudantes com tudo de volta ao cenário municipal, que sigam em frente e não se preocupem que toda vez que a indignação ganha as ruas, os conservadores de plantão ficam temerosos. Todo mundo reclama bastante, mas são os estudantes que vão as ruas. Vocês tem sido a vanguarda, têm sempre saído à frente, me dói os olhos ler a nota da Empresa Circular chamando essas legitimas lideranças estudantis de agitadores profissionais. Profissionais são aqueles especialistas em burlar legislação e ganhar as licitações públicas de concessão de serviço público. Já que os homens de terno e gravata não tomam providências, os meninos e meninas vão as ruas com suas faixas de papel, seus megafones e sua disposição de luta e continuam a fazer História.

Aos estudantes aplausos! Exceto o caso isolado que, num momento de indignação, atirou uma pedra e, provavelmente, contra a sua vontade acertou um senhor que, assim como ele, usufrui do péssimo serviço prestado pela Empresa Circular - e os idosos que andam de ônibus sabem do que estou falando – mas, ainda assim, esse caso merece o nosso repúdio. E ao teatro demagógico da Empresa Circular que até Greve já incentivou para aumentar a tarifa, as nossas vaias.

Aos 30 anos de idade e já pai de uma linda menina, que espero que em alguns anos possa freqüentar as passeatas da UMES, retomo o secundarista que ainda hoje há em mim e mais uma vez me junto ao coro dos estudantes: “Licitação transparente já!” e “Fora Circular!”. Longa vida à União Mariliense dos Estudantes Secundaristas.


* André Gomes foi Secretário geral da gestão de reconstrução da UMES, vice-presidente regional e tesoureiro geral da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES). Atualmente é estudante de graduação em Ciências Sociais pela UNESP, dirigente estadual e presidente municipal do PCdoB em Marília e secretário nacional de formação da Nação Hip-Hop Brasil.

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